PORTO, Arthur. Escola brasileira: (ideias e processos de ensino). Pará: Clássica, 1923. 312 p.
:11111111111111111111111111111011111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111: )~ 1MPRENSA E SCO LAR ~(~ 247 i111NIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIHIIUIHIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII= · .Personalidade doeente E', até certo ponto, pleonastica a epigraphe deste meu ensaio pedagogico. A sciencia da educação manda desenvolver e defender a personalidade das crianças e suppõe-se que os professores tenham a sua bem constituída e exercitada; mas, infelizmen– te, na vida pratica, é uma das maiores faltas attribuidas ao professorado primario de nossa .terra essa de ficarmos ata– das aos regulamentos e programmas de ensino que, muitas vezes, nos restringem o campo de acção docente, tirando– nos até mesmo certas iniciativas proveit9sas. - Um exemplo vulgar é a questão d'Õs horarios das au– las ou do ensinamentq das diversas materias que entram no plano do Curso. Muitas vezes o assumpto se torna interes– sante; sentimo-nos bem na lição que produzimos, depois de certo preparo prévio; os alumnos interessam-se vivamente, interrompendo-nos com perguntas curiosas. Mas eis que ter– mina o tempo regulamentar e temos que encerrar a pales- tra, •ficando a lição incompleta. _ Tratava-se, ás vezes, de episodios da Historia do Brasil contados em forma pittoresca; de uma lição de moral sobre as relações de affecto mantidas entre netos e avós, citando– se os muitos mimos que elles nos fazem; ou da Historia Na– tural, estudando bem a vida dos animaes uteis, tratando-se de caçadas. etc. De repente, temos de passar a uma lição de Arithmetica ou de Gramatica, sobre a · leitura do trecho de prosa ou poesia, e então dá-se o effeito contrario : os alu– mnos já não têm a mesma intensidade de attenção, distra– hem-se, porque o assumpto lhes é menos interessante. Nós · comprehendemos esse enfastiamento que, por fim, tambem nos affecta e no entanto temos que esperar que se comple– te o tempo regulamentar déssa aula. Por outro lado, é quasi commum o nosso acanhamento por ex. quando temos que officiar perante uma auctoridade de ensino ou um visitante da escola, sentindo-nos um tanto perturbadas como se temessemos uma critica, uma censura ou se fossemos responder a um questionaria; e esse embaraço sóbe de ponto quando usamos da palavra para falar em pu– blico ou quando somos obrigadas a escrever sobre um as– sumpto como este, que ora versamos, apezar de sua simpli– cidade e de poder estar ao alcance de todas as mestras de instrucção primaria, porque trata de factos e impressões que nos são pessoaes. Será isto um defeito de educação profissional, facilitado
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