PORTO, Arthur. Escola brasileira: (ideias e processos de ensino). Pará: Clássica, 1923. 312 p.

-- 9' . J :11111111111111111111111111m11111111111111111111111111111a111111111111111111111111111111111111115: 16 ~~ A PAIXÃO E A FINALIDADE DO ENSINO ~~ :'1111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111115 Effectivamente, é um erro, já por demais condemnado, admittir que o educador possa fazer milagres, transformando a alma e o coração de seus discípulos como o estatuario fórma as estatuas de suas creações. Seria um charlatão quem tal promettesse. Para a ·obra da verdadeira educação dos moços é pre– ciso contar com elles, conseguir que façam por si e se habi– tuem ao trabalho do seu proprio desenvolvimento humano, levados do impulso de seus corações juvenis, bem estimula-– dos pelos seus guias. Assim, vêmol-os com desvanecimento applicarem-se aos estudos com o mesmo animo por que se dedicam ao seu batalhão escolar e ao seu gremio civico-litte– rario, onde se acham ligados por laços de solidariedade, apu– rando a cultura geral obtida durante o anno. E elles se acham sempre bem dispostos ·para essa actividade sem peias, porque sabem que pensamos t 4 bmoJoão Aicard, o grande poeta da Academia Franceza, ao fazer o processo da educação nos internatos, encarecendo a pedagogia norte-americana : «Vós sois filhos de homens livres, e ' em um paiz digno da liber– dade, alumnos, soldados e cidadãos obedecem á uma lei fei– ta para elles e não contra elles. A lei que vos ordena re– presenta a vontade de vossas familias, vossos mais altos in-. teresses. Ella vos representa a vós proprios. Submettem-vos a vós mesmos. Aqui não tendes carcereiros e, ainda menos, senhores absolutos e tyranicos; tendes instructores, educa– dores, conselheiros, collaboradores, amigos experimentados pela idade e pelos·estudos e que só querem preparar com– vosco as vossas almas e os vossos caracteres > ( 1 ). E' o mesmo principio que vimos pregando em poucas, palavras como condição de bom exito: Ninguem viva numa escola em desaccôrdo com o educador; todos, alumnos e professores, só exerçam a sua actividade sentindo-se bem no seu meio edu– cativo. Não é, portanto, pata admirar que, com · esta animação nobilítante, com esta influencia poderosa, além de habitos e de acções civilizadoras, caminhemos todos trabalhando .sem– pre com a mesma fé e coragem em busca de nossos fins al– truísticos e proveitosos como são os da educação, que João Ruskin concebeu, tão poeticamente, como a plena floração de todas as bellas aptidões humanas. Num ambiente escolar qual o nosso comprehende-se bem que, a exemplo do grande estheta inglez, nós tenhámos to~ dos a paixão do ensino como elle tinha a paixão da Natu-. reza bella. Por isso, assim corria desamava toda sociedade ( 1) V. L 'âme duf enfant, ·pag. 373, I • - •

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0