AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
A fNDIA E O CICLO DA PIMENTA 101 traziam seus cabedais, não se descuidou o monarca de interessa,r nela aqueles que, homens de guerra e marean– tes, lhe davam seu esforço pessoal; e assim como nas presas à mão armada tocava a cada um seu quinhão, :assim, para o despojo rico da mercancia, todos que eram da viagem entravam na partilha. Do capitão-mor da .armada ao ínfimo grumete, ninguém deixava de parti– cipar na proveitosa negociata. Cada um, segundo a cate– :goria, era autorizado a, comprar certa quantidade de pimenta, direito que fazia parte das soldadas. O ponto estava em dar o dinheiro ao feitor para as comprns, e quem o não tinha vendia o direito a outrem. Toda a pimenta vinha em fardos, uns da carga geral, do peso de qu~tro quintais, outros das partes da- tripulação, que .se diziam quintaladas. À boca da escotilha, e bem arruinados, vinham certos fardos, que serviam de padrão, para por eles se regular a quebra, no total . do carrega– mento, à chegada. O regimento de D. Francisco de Almeida, em r 505, manda que sejam seis estes .fardos: dois de quatrO\ quintais, dois de quintalada de marinheiro, e dois de quintalada de grumete. Vendida a pimenta, na liquidação se descontava a quebra, na proporção do que mostrasse o peso dos padrõçs, e do resto pertencia metade à coroa por direito próprio. Em caso de naufrágio, os oficiais e tripulantes, como responsáveis pela navega– ção, perdido o barco perdiam as quintaladas; quanto ao resto do carregamento, dividia-se o prejuízo, como que; bra, pelas demais embarcações da frota (1). A regalia das quintaladas não era privativa dos ma- (1) 5 de Março de 1505. Cartas de A fonso de A lbuquerque, ;2..º, 3°5·
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