AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

A tNDIA E O CICLO DA PIMENTA 97 Lendo os cronistas, se pode verificar até certo ponto, nos lugares omissos, quais os navios do Estado e quais os de particulares, nas frotas da fndia. Barros indica-nos o meio, quando dá a entender que os armadores, esco– lhendo os capitães , antes os queria1n hábeis no comér– cio e arte náutica do que recomendáveis por nobreza (1). Este último predicado era de regra para as embarcações reais; a quem o não possuía, só por excepção, e provada a- capacidade por anteriores serviços , era dado o posto (2). Por esse mesmo facto, em véspera estavam os escolhidos de ascender à classe privilegiada: moços ou cavaleiros fidalgos , primeira mercê, com o tÍtulo apetecido da moradia no paço e a pensão respectiva·; fidalgos cavaleiros mais tarde, o que definitivamente os integrava na casta~ A transposição dos vocábulos, fidalgo cavaleiro por cava– leiro fidalgo, significava um grau de acesso na melhoria . do sangue. O darem- e comandos nas armadas a indivíduos estranhos à classe superior não passaria sem reclamações desta, pelo menos quando houvesse candidatos preteri– dos. Ainda no séc lo XVII, tendo mandado D . João IV se nomeassem capitães das naus da índia os pilotos e mestres, ·reivindicou a gente nobre · o privilégio, e o (1) «Porque as pessoas a que El-Rei fazia esta mercê tinham por condição dos seus contratos, que eles *haviam de apresentar os capitães das naus ou navios que armassem, os quais El-R_ei confirmava, muitas vezes apresentavam pessoas mais suficientes para o negócio da viagem e carga que h aviam de fazer, do que eram nobres de sangue». Barros, Déc. x.O., liv. 5.º, cap. 10. 0 • (2) «Quando se acharem capitães, em todo o decurso da nossa história, que não sejam homens fidalgos, serão daqueles que os arma– dores das naus apresentavam, ou homens que per sua própria pessoa, ainda que não tinham nobreza de sangue, h avia rteles qualidade para . D' o. li º º ISSO» . ec. I. ' v. 5· ' cap. 10.. 7

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