AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
II A 1NDIA E O CICLO DA PIMENTA 93 a 3 o cruzados e menos em Lisboa; e na mesma propor– ção se altera o mercado para a canela, o gengibre e as demais especiarias. Perdidos por esta forma os compradores , a orgulhosa república nem ao menos conservou a faculdade da con– corrência, com que, baixando os preços e à custa de pre– juízos próprios, acaso lograria•forçar a uin acordo o com– petidor; porque simultâneamente se lhe estancaram os suprimentos, pela acção dos portugueses nos mares da fndia. O terror semeado, e a vigil~ncia nas portas do Mar Roxo e Golfo Pérsico, tolhiam quase totalment~ a passagem. Em 1 502, as galés enviadas a Beirute tor– naram com quatro fardos de pimenta a Veneza. De cinco outras, manda-das a Alexandria, somente uma voltou carregada. Em 1 504 faltou de todo a carga de retorno; as embarcações regressavam vazias. Debalde, para acudir a emergência de ta to risco, o governo da República ·instituiu, anexa ao Conselho dos Dez, a l unta da espe– ciaria; debalde, por meios diplomáticos, estimulou o sultão do Egipto a expulsar da fndia os Portugueses; . aqµele animado comércio, que por tantos anos o enrique– cera, foi-lhe definitivamente arrancado, para se situar em Lisboa. Os alemães, testemunhas interessadas do desmorona– mento, tinham de adaptar-se às condições novas. Por parte dos W elsers veio a Portugal um agente, Simão Seiz, que, chegado em Janeiro de 1 503, alcançava no mês seguinte a precisa autorização para Antóni:o W elser e mais negociantes da· sua companhia abrirem casa em Lisboa , com privilégios que, segundo o diploma, nem aos naturais se tinham antes concedido . Da prata que trouxeram ao reino poderiam livremente dispor, isenta
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