AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
A 1NDIA E O CICLO DA PIMENTA 91 pect1va. Abundante e acessível mostrava-se somente .1 espec1ana. Por singular esquecimento falta na relação o principal dos géneros, a pimenta. Esse chamou logo a Lisboa mer– cadores e capitais estrangeiros, e daí por diante em relação a ele se orientou a política e a vida económica da nação. Conservar o monopólio deste comércio rendoso, alargá-lo e extrair dele fáceis lucros, foi a preocupação dominante da coroa, e objecto do esforço e ambições da parte activa da população. Em 1 502 apareceu a primeira vez pimenta da índia, trazida pelo cabo da Boa Espe-:– rança, nos mercados do Norte. Nicola~ van Rechter– ghem, negociante de Antuérpia:, comprou o lote na fei– toria portuguesa, e . expediu-a para a Alemanha, onde Augusta e Nuremberg eram os grandes mercados de produtos do Levante para a Europa Central. Quando ali os compradores souberam ter ido a pimenta de Portugal, julgaram-na procedente' da Guiné, como as partidas ante– cedentes, embarcadas em Lisboa, e não genuína da índia (1). Foi entretanto 1que se propagou nos meios comerciais a notÍcia da viagem de Vasco da Gama. Rechterghem cuiçlou logo de assentar relações directas com o novo empório, que se anunciava·, do comércio oriental; durante algum tempo importou de Lisboa espe– ciar·as, e para lá exp~rtou linhos, cobre, prata e mais artigos aplicáveis às permutas na índia. Não tardou, porém, que outros mais poderosos, e valendo-se da situa- ,, ção já adquirida na Península, o esbulhassem da primazia. Nessa época· já o predomínio dos venezianos no trá- (1) Guicciardini, Descritt. dei Paesi Bassi. Ehrenberg, Das Z eitalter der Fugger, 1 .º, 366.
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