AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
90 ÉPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO Preste-João tinha sido anteriormente e continuou a ser objecto das pesquisas dos descobridores, com o acrés– cimo de atractivõ que à fama de extraordinárias riquezas trazia a eventualidade de encontrar, perdida entre infiéis e idólatras, uma nação cristã. Quanto à fndia permane– ceu a ilusão, ainda após o regresso de Vasco da Gama. Nas instruções de Pedro Alvares Cabral, o régulo e mo– radores de Calecut são julgados cristãos , e ao capitão-mor se recomenda dizer ao Samorim que o tem por cristão virtuoso, e nas suas palavras confia como de rei cristão e verdadeiro (1). Pela própria lógica dos acontecimentos, os portugueses tinha•m de levar a guerra ao Mar Roxo, a fim de excluírem os mouros do ambicionado comércio das especiarias, e divertirem este do caminho do Egipto para o cabo da Boa Esperança. Assim, o batalhar come– çado na Península e transferido às terras de África , pros– seguia no remoto Oriente. Na carta de D. Manuel aos reis católicos, sobre a jornada do descobrimento, se vê o júbilo da ambição satisfeita que animava o soberano. Nela enumera os pro– dutos trazidos: «canela, cravo, gengibre, noz muscada e outros géneros de especiaria•»; ainda em quantidade; pequena, porque mais não permitia a capacidade das em– barcações. Além dtsso «muita pedraria fina de muitas sortes», e, conquista suerema: «acharam terra em que há minas de oiro» (2). Er'l.tão e sempre o metal fulvo era a mais fasci nante das riquezas. Por enquanto em pers- (1) A lguns documentos da Torre do T ombo, p. 9'8. E antes, p. 97= «.. . par termos informação que ele (Samorim) e seus súbditos, e moradores de seus reinos, são cristãos e de nossa fé.. . JJ . (2) A lguns documentos, cit. , p. 96.
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