AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

1\ 84 :ÉPOCAS DE .PORTUGAL ECONóMICO de Rezénde, quando na Miscelânea comparava as pre– dilecções do seu tempo às de outra idade: Os portugueses soíam Ser nas annas mui destrados, ···· ·· ··· ····· ·· ·· ·· ···· ···· ···· ······ Não lhes lembrava tratar, Nem muito negociar, Eram com pouco conte~tes. Assim como Gil Vicente na-Exortação da guerra, ver– berando o luxo e exaltando a índole belicosa-dos antepas– sados. Estamos em 1 5 1 3, e o gosto pelo faustó, que invadiu a corte, desagrada ao poeta, porque tudo isso, diz, é gastar sem prestar. E exclama: Alabardas! alabardas! Espingardas! espingardas! Não queirais ser genoveses, Senão muito portugueses, E morar em casas pardas. Cobrai fama de ferozes, Não de ricos que é perigosa. Não se pode melhor estabelecer o contraste das duas épocas. A tradição era a do português sóbrio e belicoso, homem de arm~s e não chatim. O que nem sempre correspondia à re~lidade. Mas, sem dúvida que o sen~ido genovês da vida:, como Gil Vicente o entendia, se apossara da nação. Os genoveses eram os grandes usurá– rios da época; em Lisboa havia muitos, ocupados no comércio. A tragicomédia da Exortação da guerra cele– brava a expedição de Azamor, que ia fazer-se sem ter por móvel o intuito comercial, como as da índia . .Igual pensamento ao do épico, mais ta·rde, no discurso do velho, do Rastelo . ·

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