AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
l'I 1 JORNADA DE AfRICA 83 fidalgos, são armadores_de barcos de comércio, em que mandam a Flandre$ vinho e outra·s cargas. De 1489 a 1495, uma nau, que mandou construir D. João II, faz viagens de comércio a Flandres e a portos do Levante, conduzindo carga a frete, e de conta do Estado (1). Em 1487 pretendeu o mesmo rei tomar para .a coroa o exclusivo da exportação do açúcar para os por– tos do Levante, e dos couros para toda a parte; e, con– sultando a câmara de Lisboa·, alegava ser esse o meio de · trazer para o reino, sem a moeda sair dele, prata e armas ,de que havia necessidade (2). O monopólio dos couros, que de feito foi estabelecido, deu motivo mais tarde a reclamações das Cortes. No reinado de D. Manuel, a transformação tinha-se completado. A corte era verdadeiramente uma grande •casa de negócio, e a geral aspiração consistia em haver parte, maior ou menor, nos lucros da fndi.a. A pimenta ,que trariam as naus, o preço porque havia de vender-se em Flandres, com que novas conquistas poderia alargar-se a área das transacçoes, era o em que os governantes punham o pensamento, e os cortesãos séquiosos a espe– rança. Das ·altas esferas a ideia obsessora comunicou-se à colectiva a que chamaram fumos da Índia. Designação justa, porque seu objecto do fumo tinha a inconsistência, e dele veio a ter a duração efémera. Entretarito, mudaqas as CG>ndições económicas, alte– ravam-se os costumes, e modificava-se a ,fisionomia da nação; o que dava cuidado aos rabuje'I1tos, : saudosos do ·estado antigo. Certamente exprimia a voz deles Garcia (1) Arq. Hist. Port. , 6. 0 , 369; e Gama Barros, 4.º, 180. (2) C. R., 19 de Novembro de 1487; em Freire de Oliveira, Elementos para a história do município de Lisboa, 1.º, 359. •
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0