AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
82 ~POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO grar a monarquia nos moldes do moderno absolutismo: a nobreza submetida ao nuto régio; os municípios doma– dos n'as suas ocasionais manifestações de independência; a nação, vasta propriedade territorial, que o soberano a seu capricho explorava. Esta, como diz Alberto Sampaio - «uma casa de negócio, cuja prosperidade dependeria tanto de condições fortuitas como da habilidade do pa– trão» (1). Foi a obra de D. João II, que teve a dita de ser conjuntamente hábil e favorecido das circuns- " . ~nc1as. O dono da nação era agora comerciante, como tinha sido em outros tempos lavrador. A transição não se pode dizer repentina. Já no reinado de D. Fernando se expor– tavam por conta da coroa vinhos e outras mercadorias, importando-se as de que havia necessidade : é provável que objectos de luxo, além de armamentos . Reprovaram– -lhe as Cortes a prática, porque os géneros exportados não eram dos que o rei tinha próprios, produtos de rendas e impostos, mas adquiridos por compra e a crédito, achando-se em atraso os pagamentos (2). A exemplo do soberano, os principais fidalgos não desdenhavam os lucros do comércio, comprando os géneros de consuin0 para revender, e provocando a carestia. Os povos quei– xosos do açambarcamento, ,increpavam-nos de se have– rem todos tornadfu mercadores e regatões (3). A tendência avivou-se com o impulso dad(i) à nave– gação pelos descobrimentos . No-reinado de D . Afonso V, o Infante D . Fernando, o Duque de Bragança e vários (1) Estudos históricos e económicos, r, 0 , 404. (2) Cortes de Lisboa em 1371. -Gama Barros, 4.º, 179. (3) Cortes de Leiria em r372. Ibid.
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