AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
80 l:POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO pai. Para embolso dos credores, mandou em testamento se apartassem cada ano de todas as rendas 4 milhões de reais, até final pagamento (1), o que provàvelmente se não fez. As dívidas do reinado. antecedente montavam. a r 3: 2 r 6.000 reais. D. ·Manuel, sem embargo do$ tesouros do Oriente, morreu da mesma forma pungido da lembrança dos credores. No testamento recomenda. economia•s na Casa da 1n4ia, e que o dinheiro se aplique. às dívidas. Que logo após a sua morte se apurem os com– promissos de origem comercial - «assim de armazé~s como de outros semelhantes» -, e, não havendo das rendas quantia bastante para· eles, se venda ou empenhe da sua prata e jóias, ou qualquer outro móvel, o que for • preciso (2). Assim faz à hora da morte o negociante desa– fortunado, a quem assediam os portadores das letras ven– cidas. Não tardaria a confissão da insolvabilidade. É· portanto de evidência que, .no meio da· aparente · prosperidade a nação empobrecia. Podiam os empreendi– mentos da coroa ser de vantagem para alguns partícula-· res. Assim. os feitos de África rendiam tença·s e graças: à fidalguia; com o tráf,ico da Guiné enriqueciam certos mercadores; mas, para· esses lograrem proveitos, recaía _ sobre os povos o fardo dos impostos, e o agravo das levas, para o serviço militar, que um estado perpétuo de guerra • • I exigia, ao mesmo tempo que no pais escasseavam os braços laboriosos. Sucedeu, porém, que o ganho de. alguns, poucos, depressa se tornou, como sempre, sedu– ção para todos. E foi como a empresa de África, aventura · de ocasião e local, derivou · para imperialismo, esten-._ (1) H ist. Geneal. , Prov·as; 2. 0 , 167. ( 2 ) Hist . Geneal., Provas, 2.º, 327.
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