AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

JORNADA DE AFRICA 79 Nesta época devia ser pouca a malagueta levada a Flandres, e assim se explica a diferença considerável no preço, comparado ao ~e se~senta anos atrás. O negócio da Mina, escravos e 01ro, tmha entrado em decadência. Em 1 589 ainda se arrendou por 24 contos anuais 0 privilégio, mas , terminado o prazo, não houve preten– dentes para ele. Em 1605, admin_istrava-se por conta da coroa, sem dar proveito, segundo dizia o secretário de Estado Luís de Figueiredo Fa-lcão (1). A~dava no tráfico u_m caravelão, ajudado de galeotas, que provàvelmente 0 substituiam na costa, durante• as viagens ao reino. Importavam os ga~tos dos barcos e manutenção,., da forta– leza em pouco mais de 9 contos . Para tanto nao dava- o negócio, reza a infor~ação ofi~ia1'"'(2). Já en.tão a necessidade obrigava a olhar para a-s cootas, mas, na realidade e desde o princípio, a empresa das conquistas e descobrimentos, iniciada com a- mira nos proveitos fáceis, não lograra jamais pagar os gastos. O Infante navegador consumira nela as rendas livres da Ordem de Cristo, e a· riqueza própria, que três reinantes, 0 pai, o irmão, o sobrinho, lhe haviaIT?- liberalizado, mor– rendo por fim com dívidas, ainda em aberto quando D. Manuel faleceu, e cujo pagamento o soberano reco– mendava ào sucessor ( 8 ). D. João II, tido por severo ecónomo, não conseguiu nun~a- igualar despesas e recei- tas e morreu como o Infante endividado, por si e pelo ' (1) Livro de toda .a fazenda e- real património dos reinos de Por- tugal, índia e Ilhas ad7acentes, p. 23. : (2) Livro de toda a ~azenda, p. 23. - (3) ((Porque : em razao parece que ri.em tanto bem a eles truu_xc (a estes reinos) nao lhe pagarem suas d1v1das». T estamento em H,st. Geneal. , Provas, 2.º, 333·

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