AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
76 f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO possessões espanholas r o mil toneladas de negros, de r 696 a r 703, pagando os direitos de entrada e ven– dendo de sua . conta· os carregamentos. A guerra da ·sucessão interrompeu o contrato, sendo o mesmo anu– lado por acordo diplomático com Filipe V em r 703 (1). Considerava-se o negócio por tal forma vantajoso que, na paz de U trecht, em r 7 r 3, a Grã-:Gretanha exigiu o ,contrato para súbditos seus, e o entregou à Companhia -do Mar do Sul , depois famosa pela crise de Bolsa a que -deu ocasião, semelhante nos efeitos à do sistema de Law ·-em França (2). O privilégio, designado por Assento doj negros, abrangia trinta ano~, durante os quais se obrigava -a Companhia a fornecer r 44 mil peças· da fndia. ·Mas não se limitava a isso o interesse do Assento. Mais ·que tudo valiam a:s possibilidades de contrabando que ele :Oferecia, pela introdução clandestina _de mercadorias, e extracç~o, igualmente vedada, dos metais preciosos, dé -que era tão avara a Espanha. Nos primeiros anos do s~culo XIX, a Inglaterra, ·que havia dois . séculos e meio explorava o tráfico dos africanos-iniciado em r 562 pelo corsário João Hawkins •que tomou 300 negros na Serra: Leoa e os . foi vender -aos espanhóis de S. Domingos - impunha aos .Por:.. tugueses a gradual abolição do comércio nefando (3). De facto , quando, pouco tempo decorrido, o Brasil se separou, nenhuma razão '•mais o justificava·. Por quase (1) Tratado de transacção sobre;: o assento dos negros. Borges rl~ ·Castro, Colecção das tratados de Portugal, t. 2 .º, p. 12 2. No mesmo volume, a p. 44, o contrato de 1696 com a Companhia da Guiné. (2) Conhecida por South-sea bubble, a quimera do M ar do Sul. (3 ) Tratado de aliança e amizade, de 19 de Fevereiro de 1810, assinado no Rio de Janeiro.
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