AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
JORNADA DE AFRICA 75 em Cabo Verde e transportá-los às colónias da América, negócio que demandava grossos cahedais e facultava lucros consideráveis. Destes, directa ou indirectamente~ revertia parte à metrópole portuguesa. Mas, à medida. que de nossas mãos. ia deslizando o ceptro dos mares, outras nações nos disputavam a, posse de África, e o, comércio rendoso. Ingleses, holandeses, franceses, suecos, dinamarqueses, alemães, uns após outros se estabele– ceram na costa e se deram à escravatura. Uma·s vezes para abastecerem as colónias de Espanha, tráfico em extremo ambicionado, outras para suprirem seus próprios: estabelecimentos na América. De tal modo se comercializou esta indústria a,ssassina " . _ eram quase tantos os negros mortos no tqnsito como os desembarcados - que se fazia a conta da gente viva não por número de pessoas, mas por medida linear e võlume em toneladas, como qualquer fazenda inerte. A unidade era a peça da lndia, de 7 quartas (de vara) 1 , 7 S metros, estatura regular do negro adulto. Três. peças faziam uma tonelada, supondo-se ocuparem a bordo, outro tanto espaço de carga ordinária. Para a conta me– diam-se os negros, somando as alturas, e dividido o total pela craveira, 5,_2 5 metros, tinham-se as _to~eladas. Deste modo todas as idades entravam na avahaçao da pa·rtida, sem prejui~o do 1 c~mprador nei:n do vendedor. Na prática recorria-se as medias. Duas crianças de 4 a· 8 anos con– tavam-se por uma peça; três pretinhos de 8 a r 5 anos: só por dois. Dava-se também desconto à .idade. Dos 35, aos 40 anos dois ~egros valia•m uma peça. Com os de idade superior d~v:am ~er as transacções escassas. Nestas condiçoes aJUstou a Companhia Portuguesa da Guiné, estabelecida· para o fim em Lisboa, levar às
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