AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
JORNADA DE AfRICA 67 estrangeiro, dispensara-nos do encargo de Ceuta. Do que teria valido para nós a posse contínua·, até agora, a expe– riência de Espanha nos instmi. III A conquista em terra inimiga, além do despojo ime– diato, devia representar para os vencedores porções de solo a dividir, alcaidarias rendosas, tributos n·ovos a cobrar. Nada disto o estabelecimento em África propor– cionava. Excessivos gastos, lançada$, e ocasionalmente o resgate de prisioneiros, de que a recíproca anulava as vantagens, eram quanto o Algarve de além oferecia aos ,conquistadores. Fora do ?mbito das muralhas, e do alcance de um tiro de besta ou de uma galopada, todo 0 território era hostil. Entretanto a primeira experiência, produtiva, tinha 'inflamado as ambições, e na esperança de arraigar o domínio e tirar proveito dele, um pou-co também pelas necessidades da defesa, ocuparam-se outros po~tos do litoral. Devia haver o intuito. de continuar os processos- pelos quais se fundara deste lado do mar a nacionalidade: levar diante de si o agareno, e assentar ,casa onde ele tinha até então senhoreado. Mas faltava a população local, da mesma raça e crença, que abria os braços ao vencedor. A gente era-lhe adversa, como tam– bém em parte o solo e o clima. Longe de se dar a pene– tração, e alastrar por contiguidade o domínio, pràtica– mente O sertão' permanecia, inviolável, · e o invasor de guarda à entrada, encerrado nas fortalezas, e não deixando a beira-mar.
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