AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

66 EPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO Arraiolos, neto do Condestável. E seu pai, o Conde de Barcelos, a propósito de Tânger: - «Bem se via o d~no da posse de Ceuta; que seria se outra cidade se tomasse aos mouros? Perder-se-ia o de aquém e .o de além» (1). No tempo de D. João III recrutavam-se mer– cenários em Espanha pa·ra as guarnições de África, e recorria-se a empréstimos para o dispêndio de fortifi– cações e soldos. São de ver os termos em que o soberano, para convencer os prestamistas, justifica a necessidade. Os lugares de além foram ganhados com muito trabalho e grandes despesas da fazenda real e do reino; para os fortificar e defender precisa-se de grandes somas; as necessidades do régio erário são muitas, causadas por despesas anteriores e de agora (2). Não se pode melhor demonstrar o erro inicial. Já então se pensava em aban– donar parte da onerosa conquista. Custosas e de nenhum proveito era·m, assim como Ceuta, as demais praças, sucessivamente largadas ao infiel, e ainda em 1671 o Padre António Vieira lasti– ·mava que Africa - nesse tempo Mazagão - consu– misse o cabedal tão necessário para a índia ( 3 ). Tânger, cedida aos ingleses, no dote da Infanta D. Catarina, era por eles desprezada, como prenda de manutenção carís– sima, quando o sonho do moderno imperialismo não desabrochara· ainda. De Mazagão, derradeira relíquia da nossa aventura .qiarroquina, nos retirámos em 1769, por judiciosa resolução de Pombal. A fidelidade do gover– nador da praça, D. Francisco de Almeida, ao soberano e) David Lopes, Prefácio , p. XXIII. (2) Id., P· 407. (3) Cartas, 2.º, 387. A D. Rodrigo de Meneses, 21. de Novembro de 1671.

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