AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
JORNADA DE AFRICA 65 reclamava em Cortes o embolso (1). Debalde D. João I e D. Duarte tinham recomendado o pagamento em dis– posições testamentárias; o dinheiro passara a outras aplicações . . Também as necessidades da mctnutenção da praça davam ocasião a vexames de que se queixavam os povos. 0 Assim .µas Cortes de Évora, de 1444, os moradores de Faro protestavam contra o excesso de aposentadorias e outros encargos, que pesavam na população, por ser a localidade o ponto de passagem mais trilhado pelos que iam a Ceuta (2). E nas de 1456, em Lisboa, as povoa– ções do Norte, Viana·, Ponte do Lima e Vila do Conde, · contra o abuso de lhes tomarem obrigatoriamente, para levarem trigos a Ceuta, as cara-velas de que necessita– vam para o seu tráfego de pescaria e transportes (3). Iniciada a passagem à África, as mesmas necessi– dades da conquista impunham o alargamento dela. Mas nem de Ceuta, nem das outras terras adquiridas, resultou de positivo mais que a perda incessante de homens e cabedal. Nada do que representava à cobiça o espólio do primeiro assalto teve depois seguimento, e a desilusão foi inteira. Após o des~stre de Tânger, o infeliz prisio– neiro, D. Fernando, insistindo pela restituição da praça, preço da sua liberdade, invocava a circunstância de ser a ocupação di;pendios·a·. O argumento era suspeito, por incidir em causa própria. Mas que cuidaremos dos outros testemunhos? - «Não há em Portugal gente e dinheiro. para. sustentar dois reinos» - , ópinava o Conde de 5 (1) Capítulos, em Costa Lobo, 556. (2) Idem, 559. (3) Idem, 568. ..
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