AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
. 62 ÉPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO de pensar diferente os cavaleiros (1). A noite, após a entrada , foi gasta em pesquisar nas habitações, juntar o espólio, dividi-lo, e entrouxar (2). Não ousa o cronista dizer outro tanto dos homens nobres, que, ou se ocupa– vam de recolher e pôr em lugar seguro os prisioneiros, ou, descansando, discursavam dos feitos do dia. A manhã veio encontrar os vencedores ainda no afã • da colheita, e na surpresa da fácil vitória . Na véspera, no Ímpeto do assalto, irrompiam os soldados nas casas dos mercadores, quebrando as caixas, · dilacerando as sacas , tudo esfacelando em uma fúria insana de destrui– ção. Rolavam pelo chão das lojas a p,imenta, a canela; resvalavam à via pública as ricas drogas. Dos jarros par– tidos escorria o mel, o a·zeite, a manteiga; e tudo, com a lama da rua, formava um lodo, de onde, · nos dias seguintes, os mesmos que tinham feito o desbarato ten- tavam desentranhar a especiaria• (3). , . ·c0 II Logo no primeiro conselho, que o Rei convocou, em seguida à vitória, houve quem duvidasse das vantagens de levar por diante a aventura. Insinuava·m alguns que conservar a praça se tornaria oneroso para o reino, en'f~a– quecendo-o de gente p; 'ra a defesa· própria, e consumin– do-lhe recursos precipsos. E até ao propósito, que mos- (1) Cap. 76.º. ( 2 ) Id. , Cap. 88.º. (3) ld., Cap. 87.º.
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