AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

60 fPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO rei menino, proparcionava ensejo a uma guerra de agressão venturosa. Podiam ganhar-se terras, e nas en– tradas cada um enriquecer com o produto dos saques (1). Ao povo, sobre quem principalmente recaíam os sacri– fícios, pois ; ervia por obrigação e não lhe tocavam as mercês, sorria menos o prospecto de novas campanhas. ·Os da classe aspiravam a gozar plenamente os benefícios da paz, e entreter com o inimigo da véspera relações proveitosas (2). O rei estimaria acaso consagrar-se em .sossego às coisas da administração interna, e restaurar -as suas combalidas finanças. Mas reconheceu ser-lhe mais fácil dar emprego fora à turbulência de vassalos irrequie– tos, que sopeá-la em casa, quando efervescente em desordens. Cedeu à pressão, sem todavia aceitar o aceno para Castela. Reconciliado com o vizinho rival, o infiel era outro inimigo hereditário, e contra que o sentimento religioso justificava a perene hostilidade. Lembrou-se de ir buscá-lo a Granada, e p.ropós à regência, de Castela fazerem a guerra em comum. Recusado o alvitre, suge– riram-lhe Ceuta os filhos, · ávidos de se estrearem nos combates. O pr~texto de os armar cavaleiros em lide gloriosa servia• bem O propósito. E fizeram-se ós prepa– rativos, para que o costumado recurso de bater oeda nova, facultou o necessário. Grande foi a azáfama dos moedeiros. - ccDe dia e de noite nunca seus martelos (1) Zurara, Crónica da tomada de Ceuta, cap. 5.º: «Fo_ra grande aso para nós fazermos nossas entradas por aquele reino, de CUJOS roubos ,enriquecêramos toda nossa terra». . (2) Zurara, ibid.: «Ora daqui avante poderemos aproveita~, nossos bens e vender nossos frutos, sem alguma torva nem empacho; Jª agora os nossos mercadores poderão ir seguramente por toda a Espanha e -vender suas mercadoria , etc.». /

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