AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

50 f POCAS DE PORTUGAL ECONOMICO rendas, se havia de diminuir o imposto, até ficar nos dois terços, de antes. Mas, como era fatal, sobrevieram . as novas necessidades, a que o cronista alude; e acabou por se cobrar inteiro e tornar definitivo. Debalde, rei– nado após reinado, as Cortes requeriam a extinção dele. D. Duarte não podia dispensá-lo; o Regente D. Pedro, quando solicitado, alegou não ter autoridade para tanto, e que 'esperassem os requerentes a maioridade do rei. A D . .Afonso V não bastava nenhum dinheiro. D. João II invocou a antiguidade do subsídio, e naquele seu tom peremptório, de déspota, pelo qual Isabel a Católica lhe chamava o Homem, lembrou que - «todo o povo deve e é obrigado .por direito, e pode ser constrangido de mant~r e prover o seu rei de tudo o que lhe for neces– sário, não o tendo de outra maneira» (1). Outra maneira, qual? A antiga casa dos reis quase tinha desaparecido. O primeiro da dinastia acabara a .obra de dissipação, que vinha do período anterior. Para remunerar os que o tinham alçado ao trorto, esbulhara--se a si próprio. Só o Condestável, segundo a opinião corrente, levara a metade do reino, em terras, direitos e dádivas diferentes. Pelo menos seus desafectos assim o publicavam. Ao terminar a contenda com o rival cas– telhano, D. João I, pai de três filhos, e na esp_~rança de mais, lastimava-se de não ter que repa.rtir com eles, como ao seu decoro convinha. Além do que, restav~m ,ainda por aquinhoar não poucos partidários. Alguns íntimos, entre os quais João -das Regras, sugeriram o alvitre de resgatar por dinheiro .parte das terras dadas (1) Santarém, M emórias :para ..a história das Cortes • Gerais. Documentos da Parte 2.ª, p. 216. I

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