AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
I JI/ A MONARQUIA AGRARIA 49 A sisa era um imposto de consumo, lançado pri– meiramente no vinho, e que depois abrangeu a maior parte dos géneros e fazendas, sendo devido tantas vezes quantas hpuvesse venda OM permuta. A cobrança, dava com frequência. lugar a excessos da parte do colector, que quase sempre era um arrematante; e, com a fisca– lização opressiva·, tornou-se o tributo odioso aos povos. A sua bondade consistia na igual obrigação para todos, pois compreendia p~ebeus , nobres e eclesiásticos, só -com as excepções pessoais, em que, pela benevolência régia. era fértil o tempo. Foi talve.z por abrnnger as classes privilegiadas que, ajustada provisàriamente a paz com Castela, em 1 402, 0 Conselho do Rei propôs a redução de um terço nas taxas. Conjuntamente indicava economias nos ga:stos da corte, por efeito das quais , diminuída por aquela forma a receita, sobrariam no fim I o mil dobras, mais de 1 .6oo contos cada ano (1). Não era isso o que pretendia D. João, e tanto assim que, sendo as rendas 81 :600.000 libras, - «tudo isto despendia e não lhe abundava segundo sua gr:ndeza»_ (2) .. Força lhe foi _contudo aceitar a redução, e nao repelir o importuno aviso. Devemos crer que, depois disso, cortadas as recei– tas, sobejou a quantia do cálculo? Certo é que decorrido algum tempo, em_ I 408, assentaram as Cortes em se restabelecer por cinco anos o terço das sisas abolido, sendo aplicada a- importincia, parte a sustentar as casas dos infantes, parte a adquirir bens para aumento delas . E na proporção que pelas compras lhes crescessem as 4 (1) A 440 libras 1 .672 contos. ( 2 ) Lopes, Crón ., loc. cit.
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