AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

48 f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO veito da realeza os concelhos. Estabelecido por estes para acudir a necessidades locais , às vezes , como em Lisboa e Setúbal, para cercar as povoa·çÕes de muralhas, pouco a pouco, e por tentativas mais ou menos insidio– sas, acabou por se encorporar nas rendas do Estado. Deixemos a Fernão Lopes, não poucas vezes maligno, contar, no seu estilo saboroso, como a transmissão se realizou. Após a notÍcia de como o imposto principiara nos cqncelhos explica: - «E vendo os reis tais rendas e sisas, havendo vontade de as haver; mostravam ao povo necessidades passadas ou que eram por vir, e pediam-lhás graciosamente por dois ou três anos, e qu_e logo as dei– xariam; e, outorgadas por esta guisa, emadiam (1) depois outra necessidade para que as haviam mister, e pediam– -nas assim por mais tempo. E assim lhe ficou a posse delas» (2). - «Mas não que as eles deitassem» - , acrescenta Fernão Lopes, · buscando assim aliviar a realeza da res·– ponsabilidade de um imposto, em todos os tempos odioso. Certo, os municípios o tinham inve1~tado; a coroa somente alegou o direito a ele, como pa•rte do leão. No reinado de D. Fernando tornara-se o tributo receita ,. permanente do Estado. No de D. João I, já tanto havia crescido, e tanto minguado as outras rendas, que impor– tava: em mais de três quartos do total: 60:950.000 libras em 8 r: 600.000 (8). Valor das rendas do reino, abatendo as sisas, 7 .84 7 contos . Em 80 mil avaliámos a herança de D. Dinis , nas espécies metálicas . (1) Acrescentavam. (2) Crónica de D . l oão /, Parte 2.ª, cap. 203. (ª) lbid . Segundo o cronista, 185.300 dobras mouriscas de 44!> libras (aliás 185-454) ou 123 reais (aliás 125,71). Esc. 31 :008.000$00. .. .

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