AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

A MONARQUIA AGRARIA 47 donativos , assim como às transmissões por tÍtulo oneroso, sujeitas a igua-is inconvenientes; e no reinado de D. Dinis se tomaram novas providências, sem contudo se cortar definitivamente o dano à fazenda real. Em tais condições, d~minuída nas fontes produtivas e administrada com ·tlesle1xo, não podia a exploração do acervo, terra e trabalho humano, em ·que consistia a indústria régia, manter-se em estado próspero. As recei– tas cedo deixaram de cobrir as despesas, e foi necessário inventar novos meios de produção. Até à expulsão final · dos mouros, o despojo das guerras de conquista, preen– chia a diferença. Faltando este, o recurso imediato e mais favorável, de que se lançou mão, foi o das altera– ções da moeda. Desde o reinado de Afonso III, talvez de antes, trocar a que andava em circulação por outra de menos valor intrínseco, cunhada para o fim, tornou-se fonte de receita ordinária. Para evitar os transtornos e perdas que da extorsão derivavam, conveio-se em Cortes renunciar o monarca à prática, mediante um tributo. Mas O acordo pouco tempo se observou. E foi com des– prezo dele, como se nunca o tivera havido, que D. Fer– nando e D. João I lograram financiar as suas guerras. Outro manancial de receitas facultavam os pedidos, tributo suplementar eventual, exigido aos povos, quando a necessidade ocorria, e os empréstimos forçados; mas nenhuma das contribuições poderia ser produtiva senão a largos intervalos. Ambas tinham sido i~posições locais cios senhores, em suas terras; constituídas por fim em direito exclusivo da coroa, que vedou àqueles, com penas, l extorquirem por esse meio quaisquer somas aos povos. De carácter permanente foi o tributo das sisas, imposto de que também o monarca esbulhou em pro-

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