AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
I NO SIGNO DE METHUEN 459 assim como em Inglaterra o favor dos vinhos, ultima– mente mui combatido. No parlamento português a impressão foi de júbilo. ·- «O tratado será um canal por onde o nosso vinho correrá para Inglaterra» -, afirmava na câmara dos -Pares um orador (1). A Sá da Bandeira, que se inquietava pela sorte da indústria dos tecid3s, replicava Silva Car– valho que as fábricas estavam em decadência: se não pros– peravam com direitos protectores de 50 a 200 por cento, não sabia como país tal podia ser fabricante ( 2 ). Palmela jacta;a-se com explicável orgulho do que havia podido realizar. - «O tratado de I 842 foi, se me não engano, o mais vantajoso e, pelo menos de certo, o mais decoroso, de que a nossa história diplomática faz menção, entre Portugal e a Inglaterra» - (3). Com efeito, por sua obra, os dois pesadelos da nação, Cromwell e Methuen, sumiam-se no passado. Neste ponto acaba a história económica do absolu– tismo, de que o tratado de Methueq., tão malsinado, não foi o erro maior. A cle, sem dúvida: alguma, devell: a .cultura dos vinhos do Alto Douro a expansão que teve. privilégio algum que não gozassem os súbditos portugueses, nos domí– nios de Portugal ou britânicos, foi o caso esclareàdo por declaração posterior: «Quando q governo português tiver comunicado ofiàalmente oo governo de S. M. B. qualquer lei ou leis, estabelecendÔ as garanti:is em questão, reconhecerá S. M. B. ao governo português o direito ,le declarar que para o diante cessará por consentimento de S. M. B. a jurisdição e autoridade do juízo da conservatória britânica. Diário dQ 'Governo, de 29 de Agosto de 1842. (1) Diário do Governo, de 15 de Julho de 1842. e) Idem, 29 de Agosto de 1842. (3) APontamentos biográficos, Vida, t. 3.º, p. 231.
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