AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

/ 456 :ÉPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO ambas as partes aceito o tratado de r 9 de Fevereiro de r 8 r o , substancialmente o mesmo, diluída porém a maté– ria em mais artigos, e alterados os termos em alguns. Neste, como no antecedente, se prevê a revisão passados quinze anos, e se acentuava que, no tocante a vinhos e panos de lã, nada se alterava do que fora acordado com Methuen. Das estipulações de r 654 transferia-se para· o Brasil a instituição do foro especial, com juiz conservador, mas invertendo-se as regalias: eleito este pela colónia inglesa e aprovado pelo monarca, quando antes era ao contrário. Enunciava-se o compromisso de não lev.ar a Inquisição para a América e limitava-se a zona geográfica em que era permitido o comércio da escravatura aos Por– tugueses: duas suj eições novas, de que, se pode doer-se o patriotismo, a razão aplaude os motivos. A verdade, porém, é que o intruso instalava-se mais a seu jeito que os donos da casa, e mandando nela e neles com império. Eis a significação do tratado deprimente, de que um grande amigo da Inglaterra .dizia ter sido, na forma e ha substância, o mais lesivo e desigual que dua~ nações inde– pendentes jamais contraíram (1). Não pensavam diver– samente os que tinham a seu cargo a governação em Portugal; e, pará o Brasil independente, foi ele uma one– rosa herança, de que só pôde libertar-se vinte e dois anos depois da sua independência política (2). Do lado português desde r 8 2 5, decorridos os pri– meiros quinze anos, se entabularam negocia1_rões para o fim de anular o tratado. lmprofícuas, contudo, respon- (1) Palmela em seus apontamentos biográficos; na V ida, por D. Maria Amália, Vaz de Carvalho, t . 3.º, p. 63. (2) Calogeras, A política ex_terior do Império, t. 2.º, p. 511.

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