AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
li NO SIGNO DE METHUEN 453 -ceitos da honra mais comezinha. O acto de que o amea– •çavam seria a maior das perfídias. Se o caso é verídico, Strangford, segundo toda a aparência, obrava por conta própria, e a intimação não _podia ser outra coisa que um ardil, para obter desde logo .as concessões prometidas em Londres. De toda a maneira, .alguma vantagem daria a entender o ministro, porque .à saída o inglês proferiu com serenidade: - «Como a -viagem é para o Brasil, todos estamos conformes» (1). Que crédito prestaremos a este episódio singular? Se a narrativa dos acontecimentos, fiel em tudo o mais, não foi interpolada, o testemunho é decisivo. Vila Nova Portugal encontrava-se na ocasião a bordo da nau, e fez -viagem com António de Araújo, que não deixaria de lhe ·referir o sucedido. As exigências, supostas ou verdadei- . -ras, depressa ti~eram satisfação nos factos. Ou seria isso, pcrventura, o que deu lugar a inventar-se a história·? Como quer' que fosse , ao chegar à Bahía, o soberano :fugitivo, separado dos ministros, cujos navios um tempo– ral tinha dispersado , apressou-se a declarar os portos do Brasil abertos às na'ç:Ões amigas. O modo de proceder era •contrário às tradições da administração pública em Por– tugal, vagarosa e empe, rada na rotina dos conselhos e jun– tas, por onde os negócios transitavam. O acto, que muitos julgaram pre~ipitado, estava por sua vez em contradição -com a tradicional política do país, adversa a liberdades -económicas. Entre o desembarque e a promulgação em ,carta régia do novo regime comercial, mediaram cinco dias. E impossível, que nos 54 da travessia o assunto não -fosse meditado. O marquês de Belas, e D. Fernando José ;. (1) Corogr. hist., P· 6.
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