AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

442 :f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO encontraria· mais próspera no tempo da proibição, durante o qual nunca deixaram de entrar as fazendas inglesas. Como pois se dirá que o tratado de 1 703 arruinou ma– nufacturas inexistentes na época? O problema económico de Portugal não era o das. indústrias; sim outro mais complexo, e com raízes pro– fundas no próprio ser da nacionalidade: administração ineficiente; um império colonial desproporcionado, pela extensão, aos meios possíveis de o povoar, explorar e de– fender; a condição da gente, inclinada a mais dela à. vida aventurosa, e habituada aos ganhos depredatórios, aos fáceis empreendimentos de um ânimo afoito, mais. do que ao trabalho monótono e lento, à constância na. aplicação que as indústrias demandam. Na sua rotina de país que em sossego desfrutava as. rendas, ganhas por gerações de exploradores e guerreiros, PortugaJ, não obstante a obra de Methuen, prosseguia. em .seus progressos tímidos. E prosseguiria - pode-se lá imaginar até quan4o! - o tratado eterno, se não hou-· vesse mudado, com a entrada do novo século, a face da planeta. Se o sismo, que nascido em França e conduzido, por um homem de Itália sacudia o mundo civilizado, não, abalasse também as monarquias hispânicas. Do abandono, do país natal por D. João VI em 1 8o 7, derivou findar a eternidade concebida em 1703 pela diplomacia. Tocou a este monarca o pôr ·em prática o plano do antepassado, primeiro da dinastia, de refugiar-se na Amé– rica para salvar a coroa (1). Sem vontade, convém dizer,. (1) Além do que sabemos sobre as propostas relativas ao consórcio do herdeiro da coroa em França e· Espanha ( ante p. 386), há razão de crer que mais alguma vez D. João IV teve em pensamento a retirada. para o Brasil. O projecto constava dos papéis que deixou por sua morte>

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