AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

., A MONARQUIA AGRARIA 45 na idade média o clero era o nervo da sociedade portu– guesa (1). Na época brutal, em que nas relações huma– nas a primaz ia tocava à força , ele representava a inteli– gência. Naquelas eras . de ignorância geral , tornara-se depositário do sa:ber. O termo clérigo foi por muito tempo sinónimo de douto. Muito clérigo na Sagrada Escritura, grandemen te clérigo nas belas letras, dizia-se etn tempos. que não estão longe (2). Por longo espaço, entre nós . a arte da escritura foi apanágio seu. No povoamento e redução . à cultura· de um país. devastado pelas guerras cabe parte notável à Igreja. À roda dos mosteiros desenvolvii -se o labor agrícola . Parte considerável da Estremadura foi arroteada e po– voada, a iniciativa dos monges de .Alcobaça. -Outro tanto se pode dizer de lugares e de religiões diferentes. Também bispos , monges e simples párocos foram grandes edifica– dores e repa-radores de pontes , obras das mais meritórias; naqueles tempos rudes. A instrução tinha eu domicílio nos claustros, assim como as artes incipientes. Ao clero nacional se deve a instituição da Universidade, no reinado de D. Dinis . Para cal fim, bispos e prelados monásticos propuseram ceder parte da·s rendas de igrejas e mosteiros, para os. salários dos mestr'es. O rei unicamente autorizou a cedên– cia, como padroeiro. Tanto se cria ser a instrução encargo, especial do clero, que para aumento da Universidade D. João I requereu a-o Poncífice se lhe anexasse a renda (1) Fortunato de Almeida, Hi~t. da Igreja em Portug~l, t. 1.º. P· 54 2 • ' (2) Viterbo, El~cidário, t. 1.º: P· 287. Do mesmo_ modo em francês: «Salomon qui grand clerc eta1t», contava Lafontame; e tam– bém: «Um loup quelque peu clerC>>, E outros semelhantemente.

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