AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

434 f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO O motivo das adulterações foi o invocado pelo minis– tério para instituir a companhia. No diploma regulador se determinava·m padrões: vinhos de primeira e segunda qualidade para embarque; vinhos comuns para consumo. Fixavam-se para sempre os preços, que teria de pagar a companhia aos lavradores: 2 5 e 20 mil réis os de em– barque; de 4 a I 2 mil réis os de consumo, segundo as regiões. Aos particulares era lícito adquirirem o produto ao preço que ajustassem; mas os vinhos de embarque nunca por mais de 35 e 3o mil réis. Com a limi ração de ter antes a companhia provado e aprovado os vinhos , e declarado a data em que as vend~s começariam. As restrições provocaram, como era natural, os pro– testos dos exportadores, a que se associou o governo bri– tªnico, por seus representantes sucessivos em Lisboa·: Hay, Kinnoul, Lyttelton, Walpole, sempre porém de– balde, porque se lhes retorquia, na aparência razoàvel– mente, que o regime adaptado excluía as fraudes e im– pedia os preços altos, condições sem dúvida favoráveis aos compradores. Até aqui o tocante às aquisições do género .. Mas, à obrigação dos preços, assumida pela companhia, cor– respondiam privilégios que iam molestar os interesses 'dós ingleses. Era· já um deles o exclusivo da venda dos vinhos comuns, no Porto e seus arredores; sem que todavia daí \ resultassem perdas de monta aos negociantes da feitoria. Não assim com o direito outorgado à companhia, de só ela abastecer o Bra-sil - menos as capitanias do Mara– nhão e Grão-Pará que formavam Estado autónomo, com regime especial - de vinhos, vinagres e aguardentes; por esta forma expulsando de um ramo importante de comér– cio os mercadores ingleses.

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