AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

NO SIGNO DE METHUEN 433 var-se as manufacturas naquela atmosfera artificial onde haviam desabrochado. A criação da Companhia das Vinhas do Alto Douro foi um golpe directo e profundo aos interesses, e à pre– ponderância da colónia na região duriense. Os lavradores, até aí sujeitos à feitoria do Porto, que impunham os preços , umas vezes ,porque, tendo adiantado as somas parn os gastos ªWÍ:olas, exigia lhe fosse e1:tr~gue a colheita sem cond1çoes; outras porque, const1tmndo-se por seu turno impecun~, só ª. prazos longos, que chega– vam a dois anos, oferecia realizar as compras. Em um e outro caso provocando a baixa·. Os vinhos que, em I 7 3 1, se tinham pago a 48 mil réis a pipa, e que depois, pelo ;1argamento da cultura valiam, segundo a qualidade, 20 e 1 4 mil réis, tinham declinado para 7$200 e 6$40.0 réis, e ainda assim a prazo. O requerimento em que Frei João· de Ma-nsilha, certamente dç acordo com Pombal, apresentava o plano da companhia, descreve o estado de ruína da agricultura, a miséria geraL o abandono das gleba·s, tudo obra das usuras e opressão dos ingleses. Acontecia até verem-se os lavradores coacridos a sacrifi– car-lhes a honestidade das filhas para ~derem vender 0 vi11.ho. - «Só compravam aos lavra-dores que lhes faci– licavam as filhas para bailar com eles» (1). É evidente \ ·que O ter~o ba! lar te~ ~qui significado lato. Da sua , banda, os ingleses da feitoria alegavam ser a baixa devida -~ ruim qualidade é falsificações do produto, não podendo assim obter na Inglaterra preço remunerador. (1) Relatório de ?ombal. Quinta Inspecção, sobre o estabel~ci– ento das artes fa bns e manufacturas do reino. Col. pombalm:i, m . cód. 695. 28

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