AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

44 BPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO 1 erecção e manutenção aliás pertencia aos concelhos, con– .sistem no que teria custado plantar o pinhal de Leiria, e secar a-lguns pauis, no reinado de D. Dinis. Em um e -outro caso, seguramente, aproveitando a mão de obra gratuita dos povos vizinhos. Para dar impulso· ao comér– -cio marítimo, consentiu D. Fernando que das matas reais se extraíssem made;iras de construção. Proprietário desgovernado, a coroa não cuidava de melhoramentos, que lhe minguassem a renda líquida. O contrário era raridade. Rui de Pina con~iderou feito notável de D. João II ; digno de figurar na Crónica, dispensar o mona·rca a vila de Serúbal, aonde fora, da -0brigação de aposentar a corte, e mandar aplicar o im– porte a obras de pública utilidade: canalização de água -da serra: de Palmela para a vila, e abertura de dois largos, -com que se embeleceu o povoado. E ainda de sua fazenda deu muita ajuda, comemora embevecido o escritor (1). Não exprobremos aos monarcas as liberalidades com ,que, nos três primeiros séculos, por doações e heranças, enriqueceram a Igreja .portuguesa, porque nenhumas outras dádivas tanto reverteram em benefício da nação: Das três entidades, realeza, fidalguia e clero, que des– fruta:vam, no território ganho ao sarraceno e arrancado ao leonês, o solo e o homem, foi a última a que, incon– testàvelmente, maior soma de serviços prestou. Para ª formaçã@ da nacionalidade concorreu também com as :armas, porqua:nto não faltaram, nas conquistas os .çnonges ,e prelados guerreiros. Mas, comparável às duas no esforço bélico, foi-lhes superior nas obras da paz. Com funda– mento diz um historiador nosso, e do nosso tempo, que (1) Crónica de D. João II, cap. 25.º.

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