AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

430 f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO derem lá por menor preço, aquelas mesmas fazendas que os mercadores do reino lhes tinham comprado para fim igual. Outras vezes, ao fazerem os fornecimentos, recusa– vam ceder os artefactos de novidade sem lhes comprarem -0s antigos, que tinham de refugo; e, como os compra– .dores se supriam a crédito, forçoso lhes era o submete- . rem-se. Depois disso iam os emissários à colónia oferecer .as fazendas no;as, necessàriamente preferidas. E, contra as tricas de que enriqueciam os hóspedes, não tinham os donos da casa defesa alguma (1). Seria esta o importarem os mercadores portugueses .as fazendas. Mas, como tal podia ser? Falhas de cabedal próprio só pelo crédito podiam negociar. Sem aquele; do mesmo modo, negociavam os seus desfrutadores; mas -esses vendiam por conta das casas de Inglaterra; mera– mente comissários, feitores, consoante lhes chamavam os ,contemporâneos de D. Manuel e D. João III, de onde veio o designar-se esta comunidade comercial por feitoria inglesa·. No sentir de Pombal todo o dano provinha, não dos tratados, o opressivo de 1654 e o astucioso de 1703, mas somente da falta de navegação. - «Se pudéssemos extrair por nós mesmos as manufacturas de Inglaterra, e exportar com liberdade os frutos do nosso continente, ' · claro está que não padeceríamos tão injustos enganos». Assim escrevia de Londres, quando ministro residente, em 1741:· (2). Era contudo a marinha nacional insufi- (1) Ibid. (2) Causas da ruína do comércio português, Ms. da Col. pomba– lina, cód. 683, de fs. 244 a 282. t um relatório sem nome de autor, mas cujo estilo e conteúdo mostram à evidência ser de Sebastião José <le Carvalho.

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