AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

NO SIGNO DE METHUEN Destarte, tão diferentes em tudo, na individualidade– como no estatuto polÍtico, que admirará inspirarem estes– estrangeiros um sentimento geral de aversão e ciúme? Intérprete deste sentimento foi Pombal, em vários:. actos da sua administração, especialmente na parte econó– mica, cuja popularidade talvez proviesse daí. Enviado, diplomático em Lond1:es, na ...sua ,corresp?ridência; secre– tário de Estado, nas mstruçoes a embaixada·; autor de· apologias, nas q_ue fez do s_eu ministério ao dei:á-lo; todo, 0 ensejo aproveitava de afirmar a sua detestaçao do hós-- pede parasita·. . O modo por que este dommava a praça de Lisboa ,.. e se apossara do comércio do Brasil, particularmente 0 , indignava. Os negociantes da terra· eram poucos, .fracos. de cabedal e ignorantes . Alguns não sabiam escrever nem ler._ «Para terem ·pessoa que lhes escrevesse uma Garta legível (dizia ele), / . lançass~ ur:1~ conta que não exce-– desse as quatro especies da antmetica, mandavam vir um moço de Viana ou de C?ui~arães» (1). Traficantes biso– nhos, e :em o _recurso i~dis~e!1:ável do crédito, porque– bancos nao havia, os ardis tnviais do comércio encontra– vam-nos inermes. À chegada das frotas, os ingleses, que: haviam de lhes comprar os géneros, retiravam-se do mer– cado, forçando a baixa. Quando se aproximava a ocasiã()I da partida, do mesmo modo se retraíam, elevando o preço às suas mercadorias. Não contentes do monopólio das. importações, .q~e natura-l~en~e possuíam, invadiam . o, que os naturais Julgavam propno, o do comércio do Brasil. E era isso mandarem nas frotas agentes seus , para ven- · (1) Quarta. Inspecção, sobre o comércio nacional. Col. pombalina~ cód. 695, fs. 2 55 ª 2 95·

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