AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
422 ~POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO consumidor de vulto, e da nação o principal, das fazendas inglesas, mandava à metrópole? De açúcar e tabaco, géneros que mais avolumavam depois do metal precioso ,. não carecia já a: Inglaterra, que os tinha de suas colónias. Os demais produtos da América somavam pouco. A ex-· portação do oiro impunha-se como necessidade, e não con– seguia o artifício das leis tolher-lhe a saída. Considerado, isso um atenta-do odioso, verdadeiro roubo à nação, pri– vada assim da principal riqueza. Desde a Idade-Média tinha mudado a doutrina . Então à saca de mercadorias. do reino devia- corresponder a entrada de outro tanto em fazendas; o pagamento em moeda não era aceitável. Já se pensava de modo diferente na época dos descobrimentos, e as Ordenações de D. Manuel .consignam penas contra quem levar oiro e prata para fora do reino. Em plena fio-· rescência do sistema mercantil, os ingleses violavam a. teoria, e extraíam do país o metal, cuja só presença devia ser-lhe como que a seiva vivificante. Descuidosa- das proi– bições, a moeda trasbordava do canal estreito da circula– ção interna, para se meter na corrente caudalosa das tran– sacções mundiais. Com ela pagava a Grã-Bretanha os seus; consumos, e parte das matérias-primas do que nos for– necia. A efígie de D. João V passeava pela Europa, e, por exemplo, na Irlanda, o grosso da circulação consistia em. oiro português. Com 4 mil contos, mais de um milhão, . , de libras de importações, e 1. 300 de exporta~Ões, cerca. de 3 50 mil libras, era loucura pensar que a diferença ,.. mais de dois terços, poderia ficar no país . O credor tinha de ser pago ,'·sob pena de cessarem os suprimentos; e sem. eles faltava em Portugal o comer e o vestir; bem assim o que se havia de mandar para o Brasil, de onde cessaria também de vir o oiro. Deste modo, o que por lei era.
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0