AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
NO SIGNO DE METHUEN 421 d ele não auferiam todas- as vantagens, que a princípio .tinh~m divisado. A ilusão consistia em suporem que do ,convénio lhes advinha o privilégio de introduzirem os panos em Portugal, o que não era assim. Anulada por .efeito do tratado a proibição na alfândega, que era geral, ,e suspensa a pragmática, franqueava-se a entrada a todas .-as nações. E verificaram eles . que os holandeses, fregue– _.s·es seus de lanifícios em escala maior que os portugueses, mas igualmente fabricantes, vendiam produtos da sua .-indústria, entre eles panos, no mercado de que pensa– ·vam ter o exclusivo. Com a circunstªncia humilhante de :-Serem estes, pela melhor qualidade, preferidos (1). Aos holandeses tinha sido dada a autorização no tempo da <ruerra com Filipe V, exigida por eles, em virtude dos ;ratados de 1661 a 1669, que os equiparavam nas rega– lias aos súbditos britânicos. E, feita a paz, começaram a .entrar também tecidos de França. Isto, que os ingleses .denunciavam por violação do tratado, deu lugar a reda– .mações diplomáticas, sem resultado todavia, porque a " . ,., ,concorrenc1a nao cessou. Mas nem só na .pretensão ao monopólio se conside– .ravarn ~gravados os ingleses. Das próprias condições do -acordo derivara um conflito económico, segundo as ideias .do tempo da maior gravidade. Por muito vinho do Porto ..que bebessem os ingleses, mais ainda somavam, em fazen– .das e trigo e bacalhau, as vendas aos portugueses. No trá– fico O saldo a favor da Inglaterra era enorme: duas vezes o -valor das suas importações nos primeiros anos; três e qua– &:ro vezes ao diante, no período mais activo. Como havia ,de ser embolsado o credor, senão pelo oiro que o Brasil, --- (1) Co-mmercial rellltions, p. 241.
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