AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
NO SIGNO DE METHUEN 417 representa para muitos, o triunfo supremo na economia das nações. Assim foi que, como da preferência aos vinhos portugueses dependia, pela saída dos lanifícios, este afluxo de oiro, se teve na Inglaterra por dever de patriotismo gostar do vinho do Porto, o que antes não sucedia (1). Certo é que os ingleses achavam o vinho do Porto adocicado, até que se costumaram ao sabor (2). Quanto a Portugal, esse prescindia do regulamento suntuário, ineficaz, como todos os da sua espécie, e aban– donava à própria sorte uma indústria impotente ante a concorrência, e de certo modo alheia à índole nacional, mais propensa à agricultura e artes do mar (3). Em com– pensação, ganhava um mercado certo para o produto que, na economia do país, correspondia ao que eram os lanifí– cios para a Inglaterra: a9uele de que tinha o privilégio por condição de solo e clima, e pela hereditária aplicação do povo à sua cultura. Inimigo do tratado, D. Luís da Cunha, que muito se esforçara em Londres, antes dele, para obter a dimi– nuição dos direitos nos vinhos em relação à Fi;ança expro– brava-lhe depois o ser causa de muitos lavradores conver– terem as terras de pão em vinhas ( 4 ) • ."É razoável crer-se que a transformação viria de mais longe: desde que os (1) «From this time t~e drin~ing of Port was regarded as :i / patriotic duty by the english sqmre». Charlotte M . Waters, As economie history of England, p. 293. . (2) Despacho_de D. L,u(s da Cu_n?_ª• 29 de Outubro de 1697. (3) Vem agt~I ~ p~opos1_to a opi_mao de Sousa Viterbo: «O nosso voeabu'.ário tecnolog1co e muito def1c1ente, sendo quase todo importado do estrangeiro... Isto comprova quanto são restritas as nossas faculdades inventivas, e como, sobren1do nas artes mecânicas, estamos na depen– dência dos outros ·povos». Indústrias téxteis e congéneres., P· 6. (4) Testamento político, p. . 18: .
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