AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
42 fPOCAS DE PORTUGAL ECO ó MICO dores e pequenos proprietários; gente de muitos ou poucos haveres, todos viviam na· mesma relativa igno– rância do estado real da sua fazenda. E não era dos menores obstáculos o manejo dos números romanos, que em Portugal só no século XVII foram abandonados . No que toca às finanças régias, além dos testamen- ,.., I • tos , raras sao as noticias que se nos conservaram; mas desse pouco, e de um modo geral , resulta a impressão nÍtida de que não podiam ser insignificantes as receitas da coroa. Lucros da: grande casa agrícola, tributos, mul– tas judiciárias, pedidos aos povos, empréstimos forçados, exacções, de que cada um dos monarcas, na hora dos arrependimentos, se confessava delinquente, tudo isso devia elevar-se a· somas quantiosas. Nem de outro modo era possível ao soberano acudir aos gastos enormes do seu trato pessoal, e aos das empresas bélicas, das funda– ções piedosas, dos subsídios à casta: militar, cujos mem– bros venciam soldos desde a hora em que nasciam. Das guerras pode dizer-se que, emancipada •do suzerano a monarquia, e liberto do mouro o território, o que nelas se ventilava: eram interesses dinásticos, indiferentes à nação. Por eles D. Fernando, o dissipador, mandou em r 3 70 ao rei de Aragão, como auxílio de aliado, os quatro mil marcos de oiro, de que fala Fernão Lopes, para soldo de tropas. Assim como D. Dinis, o rei poupado, em r 2 6 5, socorrera: o genro Fernando de Castela, em apertos de guerra, com um milhão de maravedis leone– ses, mais de dez mil contd.s, a instª-ncias da filha e da , rainha Santa Isabel (1). (1) Monarquia Lusitana, 6. 0 , p. 7. Soma equivalente a 55 mil cruzados, segundo Rui de Pina. 1 cruzado=2.160 réis oiro. Escudos pap~l 47$52; e, aplicando o multiplicador 4, Esc. 190$08.
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