AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
NO SIGNO DE METHUEN 411 lares as manipulações de antes e depois da tecelagem. Era adágio conhecido que se todos os filhos de A dão pecaram, todos os da Covilhã cardaram (1); e aos habi– tantes de Castelo de Vide se dava alcunha de cardado– res (2)'. Em Lisboa, gastavam-se principalmente os panos de Espanha e Inglaterra, montando a importação de todas. as partes a 500 mil cruzados por ano em I 550 (3). Ia-se alargando, entretanto, a produção nativa de sorte que, em I 5 73, se julgou necessário dar-lhe regi– mento, com o fim de assegurar, como nas demais indús– trias, 0 perfeito fabrico. Para o que se ma~daram fazer padrões, e estes ~e distribuíram p~las ámaras, . par~ mo– delo do que haviam de ser os tec_1dos (4). A fiscalização· estava a cargo de vedares eleitos de entre os mesteres, e· um sistema de multas e denúncias determinava as san– ções. Na fieira ex~ensa dos mesteres de que a arte se· compunha, todos tinham por dever dar parte do defeito encontrado no trabalho precedente: o cardador da má carduça prévia; a fiad~ira da carda imperfeita; o tecelão– .do mau fiado; da fraude na tecelagem o pisoeiro; o per– cheiro da obra ruim dos pisões; por fim, de qualquer deles 0 mercador. A disposição mostra haver já passado o pre– pa~ar dos p~nos de in~~s~ria doméstica integral à pro– dução colectiva, com d1v1sao de trabalho, sem ter porém. chegado ainda à concentração das tarefas e fabrico em comum. (1) Relatório 1 do estado da indústria na Cov_ilhã. Ms. Bibl. Nac.,. Col. pombalina, cod. 228. . (2) Fortunato de Almeida, Hist. de Portugal, t. 3.º, p. 534· (3) João Bra 0 n~ão, «Majestade e grandezas de Lisboa», em Arq. Hist. Port., t . II. , incompleto, p. 54. (4) Relatório cit., Col. pcmb., cód. 228.
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