AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

410 :ÉPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO Paralelamente em Espanha, de I 674 a I 691, se ' tinham promulgado três leis suntuárias, continuando depois a série, como igualmente em Portugal aconte– ceu (1). Que entre nós as recentes disposições insistissem com tanta particularidade sobre o vestuário masculino, explica-se pelo facto de serem nele empregados os panos estrangeiros, cujo fabrico se pretendia tornar indústria nacional. Na verdade, desde tempos distantes ela se tinha arreigado em certas regiõ~s do país, principalmente na Beira e Alentejo. Nos primórdios da monarquia indústria caseira, por toda a parte onde se criasse o gado lanígero, já no período ainda feudal, já mais tarde, quando os povoados constituíram centros económicos com vida prÓ– pria. Nenhum documento comprova o asserto, mas é lícito induzi-lo, por analogia de condições em outros paí– ses. De época mais recente sabemos que, no reinado de D. João III, havia no Fundão tecelagens com fim comer– cial, consoante se infere da nomeação de um recebedor da sisa dos panos para a comarca, em 1 529 (2). Nos panos da Covilhã fala Gil Vicente, assim como nos de Alcobaça, por sinal ruins ( 3 ). Sem ,dúvida trabalho de teares domésticos, dividindo-se também por diferentes (1) Colmeiro, Historia de la economia política en Esparza, t. ,2.º, P· 53º· (2) Sousa Viterbo, Indústrias téxteis e congéneres, p. 15. ( 3 ) Na Tragicomédia pastoril da serra da Estrela: \ E Covilhã, muitos panos Finos que se fazem Já . Na Farsa dos Almocreves: Antes vossa renda encurta Como p anos de Alcobaça.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0