AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
402 f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO tivo desproveito dos consumidores ingleses. Viam-se estes impedidos de comprar um género, que tinham mais perto . e melhor, os vinhos de França, para que pudessem man– dar os produtores a parte diferente as suas mercadorias, especialmente os lanifícios (1). Não foi jamais essa a ideia geral dos ingleses. A in– dústria das lãs, que tinham arrebatado a Flandres, era a que todos julgavam a mais útil à nação, e digna de que a protegessem. A exportação da matéria-prima vedava-se com rigor. Uma lei de 1 696 castigava a transgressão com a última pena. Em 1678 foi decretado levarem-se os cadáveres à sepultura sempre amortalhados em tecido - - -- de lã. Disposição simbólica, e acaso mais valiosa no signi– ficado que pelo efeito real. Não menos sig11ifcativo era i~~/o costume de ter por banco o Lord Chanceler, no Parla- ✓/ mento, uma saca: de lã. Em mais de um brasão de cidade se vêem atributos do fabrico. O de Kendal, famosa por seus panos, arvora a letra: Pannus mihi panis, de que se ufanam os cidadãos. Lanifícios e marinha eram as me– ninas dos olhos bretões, e tudo que os favorecia , ou tal parecesse, despertava satisfação 110 país. Realizado o convénio de 1703, as importações ingle– sas em Portugal cresceram durante algum tempo, atin– gindo o mais alto ponto em 1 7 o 5, para daí declinarem, continuando todavia a ser maior o seu valor que antes do primeiro ano. Do modo de considerar as estatÍsticas, que - -- tudo permitem, depende muito a· apreciação dos factos. Assim, 110 quinquénio de 1698 a 1703, de Natal ' a' Natal, foi o valor médio das importações 42 5 mil libras (1) Ad. Smith, A n inquiry into the nature and cause of the wealth of nations, Liv. 4.º, cap. 6. 0 • \
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0