AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

394 ~POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO damos de comem -, escrevia em relação anónima um viajante inglês (1). «E a troco disso (continuava) desa– fogamos a terra do seu vinho». Assim, duplo serviço da parte da nação amiga: dava-nos o preciso e desem– baraçava-nos do supérfluo. Devia ser a opinião comum na Inglaterra, muito em acordo com o feitio do seu povo. Em 1 69 1 veio por ministro para Lisboa· o primeiro Methuen, que se retirou ao cabo de seis anos, deixando a sucessão no posto a seu filho, Paulo Methuen. O pai tinha, ao que se pode coligir, além da habilidade diplo– mática, crédito pessoal considerável na sociedade e na corte. Tão familiar nelas que o designavam, até em documentos oficiais, por D. João Methuen, à portuguesa; quase um atestado de naturalização (2). Foi a ele, chan– celer da Irlanda nesse tempo, que recorreu o governo britânico para convencer o rei Pedro II a abandonar o partido de Filipe V, e associar-se ao pretendente austríaco, na guerra da sucessão de Espanha. Ele foi o mensageiro das indústrias inglesas, languescentes, e o proposto à meritória empresa de lhes restaurar o domínio em Portu– gal. Porq~e tal conseguiu, e por uma ilusão das muitas a que dão lugar os factos económicos, imediata e co_n– tagiosa, .seu nome entrou as portas da celebridade, ligado ao tratado que negociou sete meses após o da aliança, e sobre o qual economistas e historiadores, homens de Estado e de negócios, têm desde então pronunciado os mais opostos juízos . . Segundo o ponto de vista, uns o consideram d~sfavorável à Inglaterra - deles o patriarca (1) An acaount of tbe court of Portugal (1770), p. 170. (2) Assim D. Luís da Cunha, em despacho de Londres, de 7 de Dezembro de 1703, e também no Tes tamento político. . '

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