AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

NO SIGNO DE METHUEN 393 famílias para cada lugar. A suposta conjuração papista, e O trama contra a rainha D. Catarina, a quem imputa– vam querer envenenar Carlos II, se provocaram em Por– tugal a indignação popular, não alteraram a situação vantajosa dos ingleses. O prestÍgio dos grossos cabedais, de que dispunham muitos destes estrangeiros, e os pro– veitos do comércio, ramificados por várias classes da população,_ abafavam ~ntipatias de feiç!~ naci?nalista. N O decénio de 1 67 8 a 8 7 a exportaçao de vmho do ·Porto andava em média por 7.700 pipas (1), com pauta de favor nas alfândegas inglesas em relação aos da França. Isto já antes do tratado famoso de Methuen. Em 1660 tinham sido levantados de 4 para 16 libras por tonel (2), .os direi tos dos vinhos franceses. Em 1 6 8 8 passavam .estes para 53 libras, em quantos os portugueses não pagavam mais de 2~ libras,_muito ~enos da metad~ (3). . Em compensaça~ provia a Gra-Bretanha o pais de· fazendas, para consumo no reino e n'as colónias; de baca– lhau, alimento indispensável na Península; e dos navios que faltava~ para as frotas do Brasil. A restrição à en– trada de tecidos, pela pragmática de 1 677, parece não ter afectado de modo considerável este ramo de comércio. O valor das importações inglesas nos três anos finais do ,século foi em média de 2 50 mil libras, de que pelo menos quatro quintas partes seriam ba:etas e outros lanifícios. ~ «Com as nossas lãs vestimos os portugueses, e com .o bacalhau da Terra Nova, em grande proporção, lhes (1) Exactarnente 7.768 pipas. Enciclopédia Britânica, 9."' ed., art. Wine. 1 (2) Tun, medida para vinho, de 252 galões= 1. I x 45 litros. (3) Dupeyron, Hist. des négodations commerciales et maritimes de /a France ao XVII e et (1H XVIII siecle, 3.º, 438, cit. por Schorer.

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