AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
40 :ÉPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO V , Vimos como a simplificação das cobranças para o tesouro régio, foi uma das razões, a mais urgente, por– ventura, de se estabelecer a autonomia municipal. Até ao século XII pode dizer-se que a economia natural predo– minou; mas da metade dele em diante havia já moeda bastante para os tributos e multas, e parte das rendas e foros, serem fixados em dinheiro (1). Entretanto ainda no fim do reinado de Afonso III, certos direitos, aca•so por importarem em somas relativamente consideráveis, de que não podiam dispor os indivíduos obrigados ao– pagamento, se arrecadavam em mercadorias. Tal a dízima dos panos estrangeiros; se não sempre e em toda a parte muitas vezes. E sucedia que as fazendas 'recebidas utili– zava-as o soberano em,seus próprios pagamentos. Os cria– dos de D. Dinis, quando, hetdeiro da coroa, se lh_e estabeleceu .casa, recebiam em panos a preços determi– nados, soldadas e gratificações (2) . ..,Os panos de proce– dência estrangeira, raros e de alto preço, guardavam:se conio riqueza,, a par do oiro e da prata. Sancho I ~e1xa em· testamento ao herdeiro do trono os, panos que tmha em Guimarães, e à filha D. Sancha, as escarlatas e outros panos (3). Era portanto remuneração vantajosa a que se recebia nestes objectos. . Das contas da ucharia de Afonso III, verifica-se que (1) Cf. Gama Barros, 2. 0 , 121 e seg. ( 2 ) «Inventário .e contas da casa de D. Port., 10.º, p. 56, 58. (3) H istória Genedógica, Provas, I .º, 19. Dinis», em Arq. Hist.
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