AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

NO SIGNO DE METHUEN 391 livro recente que o tratado representa o zénite da supre– macia inglesa no país -(1). Todavia, dois anos passaram antes de ratificado o convénio por D. João IV, que somente cedeu ao que parece, quando ameaçado pela esquadra de Blake e Mon– tague, em operações nas águas de Espanha. O monarca socorria-se do pretexto da religião para demorar a assina– tura. Dois artigos exigia ele que fossem submetidos à aprovação do Papa: o que concedia a liberdade do culto doméstico; e outro, pela qua-l as autoridades portuguesas tinham de restituir a bordo os tripulantes desertores, ainda no caso de, no tempo da deserção, se haverem tqrnado católicos. Não se compreende bem a relutância do soberano; . mormente nesta época, quando se achava em conflito com o Santo Ofício, por haver isentado da pena de confisco, no crime de heresia, os bens dos cris– tãos novos, ao instituir a Companhia do Brasil. Ou resis– tia pelo temor da opinião pública, adversa aos hereges, ou se quis valer do alvitre de sujeitar a decisão à Santa Sé, no propósito de obter dela o reconhecimento da sua coroa, por que porfiava em I vão. Muito mal devia ele também entender a psicologia dos puritanos , e pessoal– mente a~~ Cromwell, para supor que de qualquer modo lhe admmssem o recurso ao Papa. Foi encarregado o consul_Ma~nard, puritano rígido, de exigir a assina~ mra; e contmuando a delonga veio a Lisboa o sub-secre– tário de Estado Meadows, portador da última intimação. Falhando esta, passava o encargo às forças marÍtimas, ' (1) «1:he treaty of 1654 may be considered as marking the zenith of the enghsh ascendency over Portugal». V. M. Shillington e A. B. W allis Chapman, The commercial relations of England and Portugtzl, P· zo4. .

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