AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
386 l:.POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO E assim foi que duas vezes propôs ceder o reino, guar– dando o 1 tÍtulo". Primeiro à França, que lhe daria noiva para o filho, D . Teodósio, e um príncipe que governasse em vida, revertendo o poder por sua morte ao sucessor legítimo, temporàriamente a.fastado (1). Da outra vez a benefício da Espanha, também por núpcias, sendo a des– posada a filha de Filipe IV, de quem se não esperava herdeiro varão; e por este modo tornavam a unir-se as coroas, engodo a que esperava atrair o castelhano (2). Para o fim proposto D. João IV se obrigava a abdicar no primogénito, é provável que reservando para si um reino, de parte dos domínios , como no caso de França: sem dúvida que igualmente os Açores, e os vastos desertos do Pará-Ma·ranhão, em cujas riquezas se fundavam espe– ranças grandiosas. Em antítese coqi o Prior do Crato, que, (1) Carta do encarregado de negócios de França, Francisco Lanier, ao secretário dos negócios estrangeiros, 6 de Agosto de 1647. Dá conta da comunicação do secretário de Estado Pedro Vieira da Silva, segundo a qual D. João IV estava resolvido a retirar-se para os Açores, cuja posse conservaria, juntamente com o Maranhão e Grão Pará, - «remet– tant des à présent·cette couronne et ·1e royaume entre les mains du Roi et de la Reine (de França), pour en gratifier M. !e Duc d'Orléans, à condition que Monsieur !e Prince de Portugal, qui était juré pour successeur de ses l:.tats, eut l'honneur d'épouser Mademoiselle (Ana-, Maria d'Orléans, filha do Duque), et qu'aprés !e déces de M. le Duc d'Orleans, le dit prince de Portugal, ou ses enfants, issus de :e mariage, !ui succederaient en ce royaume, et autres l:.tats en dépen- \ dants>> . Doe. do Arquivo do Ministério dos Estrangeiros de França, Portugal, vol. 2.º, foi. 435. (2) Instrução ao padre António Vieira para os negócios a que foi a Roma. 11 de Dezembro· de 1649. Ms. da Bibl. Nac., cód. 1.461, cópia. - «A união de Portugal a Castela, que é o segundo cuidado daquele reino, se consegue por este caminho não só com suavidade, mas com sumo gosto de todos, cessando a guerra e as consequências que traz consigo)) . Veja-se o sermão do mesmo padre em acção de graças pelo nascimento do infante D. António, pregado em 1695 na Bahía. Impresso no t . 0 11. 0 , da 1."' ed.
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