AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

,1 IDADE DE OIRO E DIAMANTES 379 que o governo de D. Maria I destroçou. Setenta e oito milhões de cruzados em dinheiro, além dos diamantes em depósito nos cofres reais. Já vamos ver quanto isto diferia da realidade. 1 Dois meses antes de falecer D. José, acometido então da doença final, foram mandados transferir, do depósito público para o Real Erário, perto de· 403 contos de réis dos bens de defuntos e ausentes, remetidos das provín– cias ultramarinas, de I 759 em diante (1). O .decreto foi certamente um dos últimos que Pombal fez assinar pelo rei, porque, passados poucos dias, a 2 9 de Dezembro de 1776, assumia a rainha a regência; e a resolução obedecia sem dúvida ao receio de que, ao dar-se esse facto ou vindo a falecer 0 soberano, lhe fizessem culpa de se achar mal suprido o tesouro régio. Já antes, a principiar em 1 76 I , se haviam tirado do depósito, para emprestar a diversa,s entidades somas que perfaziam mais de um milhão e meio de cruzados, em que entraram 20 contos, custo de cinquenta acções da Companhia do Alto Douro adquiridas para o rei (~). Na corte haveria dúvidas quanto ao estado próspero da Fazenda .Real, por isso que o ministro, ao largar o poder, se creu obrigado a tirar de inquietações a tainha, sucessora do trono. A esse efeito lhe entregava a relação das quantias disponíveis em cofre. Setenta e oito milhões de cruzados, como se tem escrito e se acredita? (3) A dé- (1) Decreto de 20 de Dezembro de 1776, que manda passar Rs. 402:984$553. Por circunstâncias desconhecidas ficou a soma em Rs. 371:384$553. (Col. de leis da dívida pública, p. 394) . (2) Col. de leis da dívida pública, p. 395. ( 3 ) «48 milhões de cruzados no Erário Régio, e 30, segundo ouvi. no cofre das décimas». Jacome Ratton, Recordações ( 18r 3), p. 186.

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