AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.

378 :ÉPOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO a quem ·por essa forma pertenceram, mas de que provie– ram quantias não insignificantes ao erário (1). · As receitas públicas orçavam no tempo de D. José como no reinado antecedente, por i 5 milhões de cruza– dos (2). Por vezes sem cobrirem as despesas, o que sabe– mos aconteceu em anos seguidos, de 1769 a 1771. Em 1776 subiram as receitas para 6.600 conto~; em outros anos, porém, não chegaram aos 6.000, de sorte que a média do tempo de D. João V se conservou (3). · Apesar disso, o descalabro em que se diz ter ficado a Fazenda Pública por morte daquele monarca, mais perto esteve de dar-se pela do seu sucessor. Tal qual se espa-– lhou a lenda dos tesouros desperdiçados em um reinado,, assim se propagou a dos saldos deixados no seguinte, (1) Na primeira arrematação, em 1761, adjudicou-se por 82 mif cruzados a propriedade hereditária de Secretaria Geral · do Brasil; por 6:400$ooo rs. o posto de guarda-mor da Alfândega da Bahía; por 10:400$000 rs. um tabelionato na cidade; e outro, mais modesto, com a escrivania dos órfãos e da câmara em uma povoação do interior, por 8oo$ooo rs. O juiz da balança do tabaco deu pelo ofício 3:300$ooo rs. (Doe. da Bahía, n. 08 5.896 a 5.909, com a lista e termos de arrema– tação daqueles e de outros empregos, dependentes do governo da Bahía). ( 2 ) Em 1754, somariam 9.8oo.ooo cruzados, segundo a memória enviada , ao seu ministro, pelo embaixador francês conde de Bachi, (Santarém, Quadro elementar, t. 0 6. 0 , p. 52); o que deve estar bastante abaixo da realidade. Algumas verbas são muito inferiores às de 1718, outras não figuram na relação. Em sentido diverso, o ministro inglês Hay avaliava em 1761 o produto total dos imposto em de 3 a 3 !/2 milhões esterlinos, que seriam 28 milhões de cruzados. (Smith, Memoirs of the Marquis of Pombal, t. 2.º, p. 8). O contraste mostra quanto estariam longe os diplomatas de conhecer a verdade. ( 3 ) «Desde 1762 até 1776 só em três aoos exeederam as receitas públicas a 6.ooo:ooo$ooo réis, segundo mostra a escrituração do erário... Naquele período a maior receita foi de 6.600: 18; $700 réis, no ano de 1776, último da administração do marquês de Pombal, (Livros 1.º a 28. 0 da Tesouraria-mor do Erário))). Gol. de leis da dívida pública, cit., p. 9, nota 1.ª.

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