AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
374 . JWOCAS DE PORTUGAL ECONóMICO Nesta época em que o orgulhoso D. João V, fingido Luís XIV. não se dedi nava, ara extrair dinheiro aos súbditos, de confessar pobreza, já nas finanças do Estado reinava certo desafogo. O oiro dos tributos afluía em cada frota; e dentro em pouco o calhau diamantino ia aparecer, afogueando as imaginações na febre da riqueza. De 173 o em diante decorre o período áureo do reinado. As magni– ficências de Mafra, a, majestade da Patriarcal, o plano grandioso das águas livres, o luzimento das embaixadas, a manutenção do régio decoro, manifestado em pompas e liberalidades, eis o que no espírito do monarca· predomina e caracteriza o reinado. Desafrontado de dificuldades mo– netárias, não padece a necessidade de recorrer aos povos para lhe votarem subsídios, e liberta: definitivamente o poder real da intervenção importuna das Cortes, nunca mais convocadas-. Destarte se instalou em Portugal o puro absolutismo, sonho dos monarcas da época, que no rei– nado seguinte, pela acção de um ministro resoluto, cul– minou ·em perfeita tirania. Nos últimos anos de D. João V, a dourada miséria que na motidade o afligiu convertera~se em fartura. Nada - --r lhe embaraçava agor,a os gestos sumptuosos. Posto que sem aquela amplitude que as histórias pretendem, nada em oiro o erário, e tornou-se possível à coroa distratar parte considerável das antigas dívidas. O intuito fora con- . . verter em 5 por cento os Juros a taxa superior, que pagava o Estado; à prática redundou em serem embolsados os credores, não aceitando muitos deles a conversão. Os do– nos de padrões de juros tinham de os trazer para o dis– trate, dentro de dois meses da intimação por éditos . Findo o prazo cessava o direito aos juros. Os portadores eram pagos pelas somas que novos mutuantes trouxessem
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