AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
372 f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO Em 1709 recorreu-se para alcançar dinheiro ·à venda de empregos. Alguns dos mais rendosos, Provedor dos. Armazéns , Casa da índia: e Guiné,. Provedores da Casa. da Moeda, da Fazenda do Rio de Janeiro, e outros de– categoria semelhante foram postos em arrematação. O pri– meiro destes cargos passou a propriedade do francês Fer– nando Lirre, pela soma de 1 oo mil cruzados (1). Quatro– anos depois, o agente secreto de Luís XIV em Lisboa des– crevia-lhe em estado de penúria a corte, e no de pobreza, a nação. Não se pagava ein dia aos enviados diplomáticos, e por tal motivo nenhum fidalgo quisera aceitar a custosa. embaixada de França depois da guerra. Nesse mesmo ano, houvera· necessidade de tirar do cofre dos defuntos e · ausentes 1 50 mil cruzados para as despesas públicas, em: que e_ntravam as da Casa: Real (2). Deviam-se às tropas: onze meses de soldo, e magotes numerosos de soldados: desertavam para Espanha. Não diferem no sentido as informações mandadas em 1 7 1 5 pelo embaixador acre– ditado, abade Mornay, que sucedeu ao agente secreto (3). Sem embargo disso, iniciava-se daí a dois anos a dis– pendiosa obra de Mafra. O que ela custou não se saberá: nunca exactamente, mas é provável terem-se exagerado os: cálculos, como em tudo o mais referente à Fazenda Real: neste reinado. Será custoso aceitar os do embaixador fran– cês, que dizia importar a construção por ano em mais de 1 2 milhões de cruzados, só em. salários . Multiplique-se· por catorze anos, que durou a obra, juntem-se os demais (1) Cartas de José da Cunha Brochado ao Conde de V iana, 10 d-:– N ovembro de 1708 e 26 de Janeiro de 1709 1 em extracto no Investi– gador Português, t . 15.º, p. 294, e t . 16. 0 , p. 24. (2) Santarém, Quadro Eelementar, t. 5.º, Introd ., p. IO e 216. (ª). Ibid., p. 10. .
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