AZEVEDO, J. Lúcio de. Épocas de Portugal económico: esboços de história. 2. ed. Lisboa, Portugal: Livraria Clássica, 1947. 478 p.
368 f POCAS DE PORTUGAL ECONóMICO Duas relações têm aparecido, pelas quais é costume julgar da situação financeira, no reinado de D. João V, ambas trazidas a lume pelo erudito Visconde de Santa– rém: ~ verbas de receita calculadas ou recolhidas em 1 7 1 6; o rol das somas, em oiro e diamantes, trazidas do Brasil pelas frotas, de 1 7 I 4 a I 746 (1). Extraídas as primeiras de documento oficial, o Registo dos Contos; o segundo, ao que parece, compilado de origens várias, e até alguma estrangeira, como denota a menção de uma parcela em francos. Amálgama de unidades diferentes, moedas, pesos e valores, a lista não discrimina o que per– tence ao rei e ao comércio geral. Por simples leitura não é possível formar ideia do que montará o conjunto. A impressão é a de um aglomerado bárbaro de tesouros, para que não há números na aritmética vulgar. Ilusão··da desordem, porque, aplicada aquela, o entontecimento dissipa-se, e nos achamos em face de quantias quase mo– destas: 269 milhões de cruzados em trinta e três anos; 8 milhões e pouco ao todo, cada ano, para particulares e para o rei. E como teàricam~nte pertencia a este o quinto do oiro e diamantes, tocar-lhe-ia,m menos de 54 milhões, um ano por outro cerca de 655 contos. Quantias verdadeiramente f abulasas, chama a isto um historiador muito lido (2), que avalia em milhares de milhões de cruzados os gastos fúteis de D. João V. de 1736: ordena que o oiro e diamantes embarcados no Brasil se guar– dem em cofres a bordo das naus, e chegando a Lisboa se entreguem na Casa da Moeda. T eixeira de Aragão, t. 2. 0 , p. 81 e 87. (1) Quadro elementar das relações diplomáticas, t. 5.º, Introdução, p. 248-249 e 262-265. (2) Pinheiro Chagas em H istória de Portugal nos séculos XVIII e XIX, por uma sociedade de homens de letras, t. 1 .º, p. 83. E acres– .centa o mesmo autor: «É muito provável que a relação seja deficiente;
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